Estávamos descendo a nossa rua e passamos pelo terreno dessas fotos, minha namorada perguntou no que meu trabalho contribui? A pergunta me pegou desprevinido, eu disse que estava só tomando a cidade pra mim. E ela disse, mas onde que a arquitetura se encaixa? eu disse em nada, ela não serve pra nada, e o quê eu gosto mesmo de fazer é desenhar banheiro pra madames. Ela entrou no ônibus, e isso ficou martelando... voltei pra casa, tratei do cachorro, aliás, esse sim é um arquiteto nato, com a quantidade de entulho que há em nosso quintal, ele subverte e cria seu próprio espaço.
Mas... tentando achar o porque enquanto eu acendo mais um cigarro... eu creio que a maneira como a cidade se implanta no território é violenta, a grelha, os carros, a sujeira, os muros, as cercas elétricas, as enchentes, a violência... tudo isso é muito presente, é universalizante e são raros os momentos em que escapamos do raio de ação do sistema. Na verdade eu quero fazer com a cidade aquilo que o meu cachorro faz com o meu quintal, alguém poderia dizer: emporcalhar, pode até ser, mas o que realmente eu quero reencontrar o prazer em viver na cidade, e tentar fazer das minhas idéias, algo perigoso...
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